Psicologia clínica

A Solidão que nos preenche

Em tempos de quarentena deparamo-nos com um dos grandes monstros da sociedade: a solidão. Solidão marcada pelo afastamento, pela falta de um abraço, pela falta do afeto palpável e do olhar que fala, que nos preenche enquanto seres relacionais.

Somos imersos num campo minado, o campo do confronto com o EU, com o medo de estarmos sós e isolados, a possibilidade do esquecimento e da ansiedade que tudo isso causa.

Mas será a solidão tal bicho papão que torna realidade muitos dos nossos medos? Ou será a solidão uma oportunidade? Oportunidade para nos conhecermos melhor, para nos unirmos com ainda mais força e valorizar o toque, a relação?

 

A quarentena, o isolamento e a privação de alguns dos nossos direitos como a livre circulação leva-nos a entrar em conflito com o nosso interior e com aquilo que tomávamos por certo. O nosso mundo mental é invadido pelo alerta e são construídas realidades distorcidas, algo paralisante.  Uma ansiedade excessiva que ao invés de nos trazer proteção nos traz o medo exacerbado, uma imagem deturpada da realidade e um possível encontro com os nossos conflitos internos. Somos colocados à prova!

 

Nesta crise há a mudança, a mudança nos nossos hábitos, na nossa rotina, nos nossos padrões. Como tal, a forma como lidamos com essa mudança é a chave para o resultado!

Vem a angústia, o medo, a incerteza, a sensação de falta de controlo e de estarmos presos, a confusão e o excesso de informação aliados ao pânico social: instala-se o caos. Por outro lado, surge a criatividade, a exploração e o encontro com o EU, a OPORTUNIDADE no encarar o isolamento social como uma via para sair daquilo que são padrões disfuncionais, de encontrar novos rumos e de darmos um abraço a nós mesmos, ao nosso interior, aos nossos monstros e sonhos.

Esta oportunidade surge num pano negro, numa época difícil e sombria: uma época que se assemelha à evolução, também ela difícil, morosa e incerta…complexa como nós seres humanos.  É tempo de cautela, de precaução e informação… é também tempo de florescer no meio da tempestade, de refletir e prosperar, dar sentido à celebre frase “tudo vai ficar bem”. É tempo de responder ao desafio e encontrar no medo e na ansiedade aliados para a nossa luta, para o nosso progresso.

 

 

São, assim, imensas as formas de lidar com o isolamento: ler um livro, estudar uma matéria, cozinhar, falar com amigos e família por videochamada, investir numa atividade há muito “metida na gaveta”, fazer exercício físico… Respirar, parar e sentir a oportunidade de realizar algo novo, a oportunidade de pararmos e estarmos connosco mesmos.

Ana Paula Mendes

Psicóloga Clínica<br />

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